domingo, 11 de julho de 2010

De Puyol e Salvador Dali

Quando você sobe as montanhas que vai dar em Cadaques, pensa duas vezes antes
de se dar conta que esta numa reserva natural. Quando você nasce no Brasil, natural,
significa verde em abundância. De todos os lados, subindo lentamente, a gente so via pedra.
Pedra e mais pedra. Mais tarde, descobri que nao se trata de montanhas, mas o começo dos
Alpes, que tem um pé de pedra no Mediterraneo. Descemos a estrada estreita e lenta,
sem pressa alguma. Na descida, você ja começa a ver um ponto branco, um nao, mais de um, varios pontos brancos la embaixo, que vao aumentando de tamanho a medida que o Fiat Punto ia se aproximando do verde transparente e cristalino das aguas do mar. De um lado da montanha, Cadaques, onde dali viveu parte de sua adolescencia, no outro lado a França. No meio disso tudo, a Espanha anarquista, surreal, vanguardista, desafiadora. Eu não entendo de muita coisa, mas de arte e futebol eu entendo menos ainda. Se alguém me perguntasse antes da Copa 2010 iniciar quem eu tiraria do time espanhol, diria sem pestanejar: Carles Puyol. Puyol deveria ser considerado um voador, nao um jogador de futebol. Ele passa mais tempo no ar, voando do que jogando. Errei. O cara colocou a Furia na final. Ai eu falei rapidamente com o Ferla sobre o encontro e desencontro da bola, de Van Gogh e Goya. Conversa tola, como qualquer coisa sobre arte, futebol e espanhois e holandeses. No dia de hoje, São Paulo acordou mais para pulpo do que para arenque defumado. Mais para papas bravas do que para fritas com maionese, mais para Rioja tinto do que para Heinekens geladas. Sei lá, tava tão assim, que a gente foi comprar plantas com o João. Um cactus gigante, uma azaleia com flores e um pau d'gua. Era dia para esquecer os Bulldogs de Amsterdam e prestar mais atenção nas sutilezas de uma paella marinera. Em Barcelona, seria uma Passeio de Gracia o que a Espanha fez em campo hoje, desculpe Van Verla e Mauricio de Nassau. Não é pelo futebol bonito, coisa que passou batido, batido, batido, batido e pisoteado nessa Copa. Eh mais pela marra do Snejder, a petulancia do Van Bommel e as maozinhas de playstation do Robben. Eu assisti de Converse laranja, como os teus, mas o coracao tava azul bem escuro. E ca entre nos, o arbitro vestido de celeste fez um bom trabalho. Hasta 2014.

Hup Holland!

A Philips e a Holanda

Meu pai comprou uma TV pra ver a Copa de 70. Philips. Ele ainda hoje prefere Philips, uma marca holandesa, por sinal. A Telefunken que compramos depois durou pouco. Eu tinha só 5 anos – quando chegou a Philips. P&B. Com um botão giratório pra tocar de canal. Ia muita gente ver os jogos lá em casa. Adultos. Eu via um pouco. Não sobrava muito espaço pra mim. Eu achava um saco. O Brasil ficou tri-campeão, mas eu não comecei a gostar de futebol por causa do tri. Eu era criança demais pra ser influenciado por aquela corrente pra frente. Em seguida, lembro do Jairzinho marcando contra Portugal, em 1972, e da despedida do Pelé, acho que contra a Iugoslávia. Eu tive TV, idade e interesse por futebol pra ver todas as despedidas do Pelé. E tinha 9 anos em 1974.
A Copa da Alemanha me marcou definitivamente. Vi tudo. Decorei desde sempre as escalações de Alemanha, Holanda e Polônia, lembro do Kakoko, do Haiti, lembro de onde vi os principais jogos, de o quanto matei aulas, do Zagallo gritando “puta merda” contra a Alemanha Oriental do Sparwasser e do meio-campo da Argentina: Brindisi, Babington e Balbuena. Lembro da Holanda derrotando o Brasil e de até ter gostado daquilo, ainda que não tivesse traduzido para mim mesmo por qual motivo. E de torcer pra Holanda contra a Alemanha, contra a corrente, afinal não era de bom tom torcer contra quem tinha ganhado do Brasil. A Holanda perdeu. A Copa de 74 foi a Copa da Holanda.
Só um tempo depois fui entender como a Laranja Mecânica se encaixava na minha vida: era desafiadora, diferente, vinha do frio, usava uma cor estranha e tão budista, laranja, e o goleiro era o número 8. Aquilo era modernidade, vanguarda, desafio. Eu, aquariano convicto, sempre gostei de flertar com isso. Nunca mais torci pra outra seleção depois de 74 – em 82 a Holanda não se classificou e o Brasil me decepcionou.
A Holanda, do meu ídolo Cruijff, meu craque do jogo de botão, assim mesmo, com IJ em vez de Y, e o Ajax, de Cruijff, o cara que não tinha uma listra da Adidas do uniforme porque tinha contrato com a Puma, foram os times que fizeram a cabeça da minha geração.
Era o futebol total do genial Rinus Michels, e eu não tinha nenhuma memória afetiva que me fizesse crer que haveria algo melhor – e o Inter era o melhor time brasileiro dos anos 70, e o Grêmio tinha Beto Bacamarte e Vilson Cavalo, era bem apropriado ter alternativas do outro lado do oceano.
Dos 9 anos 29 anos não vi o decantado futebol brasileiro ganhar nada. E com 29, em 1994, ano do tetra, não tinha mais como mudar. Dei cambalhotas de alegria quando o Bergkamp empatou para a Holanda, contra o Brasil de Romário, e quando o Kluivert empatou em 98, e agora, em 2010, qdo Robben tirou Michel Bastos e Felipe Melo de combate. E até chorei de alegria na frente da TV, outra Philips, de origem tão holandesa quanto a de 70, mas colorida, quando o Van Basten deu o título da Eurocopa 88' pra Holanda de Gullit e Rijkard, num sábado de manhã.
Não sei porque Sneijder não é com Y, como Cruyff, q antes era Cruijff. Só sei que ninguém merece mais vencer uma Copa do Mundo como a Holanda – e aqui, guardadas TODAS as proporções, espero q seja uma feliz coincidência o time de Sneijder e Robben, q pode finalmente ser campeã do mundo, ter seu craque com a 10, como Pelé, e seu ponta que sempre faz o mesmo drible e ninguém segura jogar com a 11, como Garrincha em 1958.


terça-feira, 6 de julho de 2010

golo na forquilha.

sábado, 3 de julho de 2010

Leitinho no pires

No flagrante, alegres rapazes germânicos servem-se de leitinho no pires, inspirados em típica brincadeira de jovens adultos da classe média gaúcho-paulistana-com-representantes-da-imprensa-mundial.

What a Mess(!)